Ideologias
A visão idealista criou ideologias[1]
e uma coleção interminável de derivativos. A visão idealista da vida é um dos
efeitos das religiões, sempre induzindo as pessoas a acreditarem em seres
superiores e verdades transcendentais.
Os séculos 19 e 20 serviram de campo de conflitos entre
teóricos e militantes de propostas de organização social que mergulharam a
Humanidade em muitas guerras colossais.
A negação do conhecimento pleno, contudo, ajuda no desprezo
pelos figurinos, e isso é extremamente importante.
Não existe ainda outra proposta melhor do que a da defesa da
liberdade, a da igualdade de oportunidades e a preocupação com a fraternidade
entre os povos.
Podemos considerar valores comportamentais como essenciais ao
aprimoramento da vida humana, talvez entre elas a valorização da sinceridade,
da verdade, da preparação das pessoas para ouvirem e falarem a verdade.
Michel Foucault ([org.], Foucault - a coragem da
verdade)
desenvolve com profundidade o tema “a força da verdade” e resgata a Escola
Cínica[2]
talvez querendo valorizar o imperativo categórico de Kant:
(fonte Wikipédia) Imperativo
categórico é um dos principais conceitos da filosofia de Immanuel Kant. Sua ética tem como conceito esse sistema. Para o filósofo alemão,
imperativo categórico é o dever de toda pessoa doar
conforme os princípios que ela quer que todos os seres humanos sigam, se ela
quer que seja uma lei da natureza humana, ela deverá confrontar-se realizando
para si mesmo o que deseja para o amigo. Em suas obras Kant afirma que é
necessário tomar decisões como um ato moral, ou seja, sem agredir ou afetar
outras pessoas.
O imperativo categórico é enunciado com três diferentes fórmulas
(e suas variantes), são estas:
1)Lei Universal: "Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se,
através da tua vontade, uma lei universal." a)Variante: "Age como se a máxima da tua ação
fosse para ser transformada, através da tua vontade, em uma lei universal da
natureza."
2)Fim em si mesmo: "Age de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como fim e nunca simplesmente como meio".
3)Legislador Universal(ou da Autonomia): "Age de tal maneira que tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas." a)Variante: "Age como se fosses, através de suas máximas, sempre um membro legislador no reino universal dos fins."
2)Fim em si mesmo: "Age de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e ao mesmo tempo como fim e nunca simplesmente como meio".
3)Legislador Universal(ou da Autonomia): "Age de tal maneira que tua vontade possa encarar a si mesma, ao mesmo tempo, como um legislador universal através de suas máximas." a)Variante: "Age como se fosses, através de suas máximas, sempre um membro legislador no reino universal dos fins."
Ou seja, desde tempos
imemoriais, de uma forma ou de outra, grandes profetas e filósofos defenderam
ou estruturaram suas propostas a partir de algo tão simples como poderíamos
dizer: ame seu próximo como a sim mesmo sendo sincero, honesto, justo.
Naturalmente na submissão a seres superiores a maioria absoluta desses líderes
passados e presentes escora suas convicções no medo de desagradar algum ser
superior ou na convicção de trocas de simpatias com os deuses.
O essencial, contudo, é que a vida pode ser muito melhor,
gratificante e produtiva quando a maioria das pessoas acredita na força da
verdade e trabalha com a preocupação de interagir e ser útil.
Qualquer que seja a relação econômica e política entre as
pessoas os resultados podem ser bons.
Qualquer estrutura dá bons resultados se as pessoas forem
boas, competentes, e esse é o grande mandamento de qualquer empresa ou
sociedade: bons resultados.
Convicções que criam conflitos violentos, inimizades,
rancores e demolição mútua são a negação da inteligência.
A prática da sinceridade é o grande instrumento de
aprimoramento da vida, é a grande ideologia.
Mas, e as ideologias?
Apesar dos discursos não passam de leves tinturas que
desaparecem ao primeiro esforço de tirá-las. Com raras exceções as pessoas se
apegam a modismos e figurinos mentais, sem convicção, na maioria das vezes a
partir de motivações triviais.
O que fazemos ao escolher um clube de futebol para torcer e
até morrer de melancolia ou explosões de fúria é o que fazemos ao declarar
simpatias políticas.
Ao longo da vida vimos a evolução e regressão de praticamente
todos os líderes que nos empolgaram. Simplesmente mostraram que eram humanos, demasiadamente
humanos, lembrando Nietsche.
31 de março ou 01 de abril de 1064 – um tema exemplar
O desgoverno reinante está
preocupado com a aproximação do aniversário da revolução, golpe, contragolpe
etc. do movimento militar de 1964 que mudou a história do Brasil. Isso não
seria problema se o mês de junho de 2013 não tivesse mostrado a insatisfação
popular contra tudo e todos que mandam no Brasil.
Razões não faltam e preocupam
demais.
É natural, afinal estamos vendo o
desmonte de nossas grandes estatais e a empresas brasileiras encaminham-se para
o mercado internacional, inclusive a propriedade e o comando delas. Abdicamos
da Tecnologia, assumimos a posição de exportadores de commodities e montagens
industriais.
As concessionárias (públicas e
privadas) colocaram como objetivo principal maximizar lucros, a qualidade e a
universalidade de serviços foram abandonados.
Nossas universidades não técnicas
se multiplicam, faltam profissionais e grande parte de nossas cidades vê de
longe os privilégios das grandes cidades. Nelas a violência cresce, a mídia
consumista cria desesperos e todos se sentem mal, com medo, pressentem que
falta algo.
O cartel financeiro manda (Napoleoni) soberanamente. O
Poder Político instalado esquece o povo e enaltece os poderosos. No jogo das
trincheiras políticas o apadrinhamento de “companheiros” deixa o Brasil sem
rumo. Mais e mais dirigentes indicados pelos patrocinadores de campanha
desmoralizam desde concessionárias importantes até simples postos de trabalho
em qualquer repartição pública.
Temos tido sucesso em algumas
áreas. A riqueza nacional viabilizada por décadas de pesquisa e desenvolvimento
da EMBRAPA e de algumas empresas que realmente investiram em tecnologia assim
como na exportação de minérios e lingotes a preços ridículos, considerando o
volume das vendas, geram divisas que viabilizam os prazeres estrangeiros,
sempre idolatrados pelas elites mais ricas, em condições de mandar seus
mauricinhos, principalmente, para a Europa de onde voltam com trejeitos e
hábitos refinados.
O custo das viagens
internacionais desabou e agora uma multidão de brasileiros corre para o
exterior, a maioria absoluta para registrar e mostrar orgulhosamente coleções
de fotografias padrão “eu estou aqui, onde mesmo?”, como diria Jô Soares, “é um
espanto”.
Países, nações, tribos, famílias
e indivíduos procuram valores de diferenciação entre si. O sentimento natural
de propriedade, força, dominação e utilização de terceiros e de tudo o que
existir faz parte de nossos instintos. Pobre do ser humano e de suas formas de
aglomeração que desistem de se defender. Exemplos clássicos: os Moriori (Wikipedia) , habitantes de
arquipélagos perdidos no meio dos oceanos assim como muitos povos
pré-colombianos que foram exterminados e os sobreviventes escravizados
simplesmente por não terem condições de se defender de povos invasores. O
darwinismo é algo inerente à Natureza.
A escravização e o genocídio
sempre tiveram razões aceitas pelas pessoas mais rudimentares. A satisfação de
ambições e a indiferença diante do sofrimento causado, entretanto, é algo que
persiste em comportamentos de organizações corporativas em nossa sociedade. A
esperança é a de que evoluamos no sentido da fraternidade e tolerância.
E as comemorações cívicas e
religiosas? Tanto as grandes organizações religiosas quanto ideológicas
procuram colocar na mente das pessoas rituais e símbolos que simplifiquem e
sirvam de camuflagem às suas intenções. Afinal o ser humano é um conjunto de
órgãos, dispositivos e funções que exigem um trabalho habilidosíssimo para
serem otimizados, e podem sê-lo em qualquer direção. É muito pouco provável que
qualquer um de nós, tenha a idade que for, evolua suficientemente para fazer
afirmações razoavelmente lúcidas.
Não faltam livros, filmes e
trabalhos científicos à disposição dos estudiosos. Se o estudante (de qualquer
idade) quiser verá que as dúvidas só aumentam à medida que se aprofunda e for
capaz de raciocínio independente e lúcido. Talvez a evolução de cérebros
naturais e artificiais algum dia permita conclusões e diagnósticos plausíveis e
sensatos.
Precisamos, contudo, estudar o
passado para salvar o futuro.
A Revolução de 1964, em princípio
pacífica em relação a similares, apesar de violenta em alguns cantos de nosso
imenso Brasil (relatos ainda desconhecidos e mal analisados), merece mais e
mais estudos, se possível isentos de paixões e cacoetes ideológicos.
Lamentavelmente até entre pessoas aparentemente cultas o radicalismo inibe a
isenção de espírito e a honestidade intelectual; é algo que podemos entender
observando as torcidas organizadas de clubes profissionais de futebol.
As limitações humanas são imensas
(Nietzsche) e talvez o ideal
seja simplesmente ser feliz, alienando-se tanto quanto possível [ (Ferry, 2006) , (Luc Ferry) ].
Teimando em pensar e nunca
esquecendo os ensinamentos de Michel Foucault, com destaque para os livros [ (Foucault, A
Arqueologia do Saber, 2010) , (Foucault,
História da Loucura) , (Foucault,
Vigiar e Punir) ,
(Foucault - a coragem da verdade) ] e muitos outros
livros e filmes recentes sobre a história da Humanidade e do Brasil (Livros e Filmes Especiais) , com quase setenta
anos (ufa, não mais serei obrigado a votar), tendo iniciado a militância
política na década de sessenta em Blumenau, nascendo e crescendo conversando
com meu pai e ouvindo aulas extremamente interessantes, agora me atrevo a
escrever algo na esperança de contribuir com alguma coisa a favor da
inacessível e misteriosa verdade.
No Brasil estivemos, desde suas
origens lusitanas, submetidos a interesses de potências estrangeiras. A
independência de Portugal levou-nos ao colo da Inglaterra. A aceitação de
regras de mercado matou qualquer veleidade de industrialização mais
sofisticada, que, aliás, não era vocação dos imigrantes até o início do século
19. A formação do Império deu sustentação à unicidade territorial. A Corte
Brasileira [ (Gomes, 1808) , (Gomes, 1822 - Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês
louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo
para dar errado., 2010) , (Gomes, 1889, 2013) , (Mauá - Empresário do Império) ], contudo,
centralizadora e forte impôs atrasos monumentais. A riqueza de nosso solo foi
nossa perdição, viabilizando o extrativismo e a monocultura e valorizando a
escravidão.
Nos países mais desenvolvidos o
“chão de fábrica” era uma experiência vil, atroz, mas reunia trabalhadores que
aos poucos souberam impor seus direitos. Aqui o culto etéreo à bandeira e a
violência das elites gerou constituições, leis, padrões de exclusão que
persistem até nas maiores e melhores cidades de nossa terra (Cascaes, O irredento) .
O mundo ocidental está apenas um
pouco adiante de nós em certos aspectos, mas as revoluções violentas e guerras
sucessivas quase por milagre deram força aos ideais de solidariedade, liberdade
e Justiça real. Aqui, América Latina, ganhamos arremedos de democracia que
viabilizaram caudilhos e ditaduras ferozes, só não muito piores porque, como
aconteceu com a ilha de Cuba, o êxodo evitou a necessidade de prolongamento dos
paredões.
O que é terrível, contudo, é em
pleno século 21 estarmos assustados com teses e paixões do século 19, visíveis
no relacionamento íntimo com lideranças perversas deste lado do mundo. Isso não
significa que a alternativa seja saudável. Nos EUA grupos econômicos
poderosíssimos manipulam e se intrometem em tudo, inclusive em nossos emails,
para quê?
Em nossa história as Forças
Armadas, consolidadas na Guerra do Paraguai e amarguradas com o tratamento
recebido após a guerra, influenciadas pelo Positivismo e o culto da excelência
corporativa assumiram posições políticas.
Criaram motins, levantes,
quarteladas e mudanças radicais em nossa história republicana. Datas festivas?
Acima de tudo o 15 de Novembro, e outros existiriam se vistos com mais atenção,
momentos bons e maus, festivos ou de tristeza, tudo dependendo dos pontos de
vistas dos analistas.
A dúvida maior e fator de
questionamentos agora é a comemoração do 31 de março de 1964. Após esse evento
traumático à democracia o Brasil mudou muito. Que democracia existia? O período
militar que se estendeu até o início da década de oitenta foi bom para o
Brasil? O cenário político atual satisfaz as pessoas mais preocupadas com o
futuro dos brasileiros?
31 de março é uma data importante
por muitas razões positivas também e até os seus efeitos negativos mereceriam
debates inteligentes. No último período militar o Brasil iniciou um processo de
formação de infraestrutura e industrial que teria feito de nosso país uma
potência não tivesse acontecido os erros colossais de avaliação das crises de
petróleo e a influência nefasta e criminosa de grandes grupos econômicos
nacionais, que se lançaram vorazmente sobre as oportunidades oferecidas,
deixando para o BNDES e em alguns casos escombros o que deu errado.
Os montepios dito militares
martirizaram milhões de idosos e idosas...
Perdemos, e isso foi uma lesão
gravíssima, a continuidade democrática. Partidos bem estruturados e
caracterizados deram lugar a agremiações inconsistentes.
Após 1988 o sindicalismo e o
corporativismo ganharam força demais assim como outras guildas. Lideranças
sindicais, sempre prontas a negociar qualquer coisa para satisfazer suas
categorias agora dominam o Brasil trabalhador enquanto oligarcas faturam
bilhões de reais à custa de nosso povo ingênuo.
Devemos prosperar, contudo.
Estamos em momento de transição econômica. Grandes centrais de energia deverão
começar a operar viabilizando mais alguns pontos no PIB e no desenvolvimento de
nosso país e outras obras estruturais serão inauguradas nos próximos anos.
Universidades evoluem e os sistemas de comunicação (Cascaes,
Ensino e literatura século 21) permitem, entre
outras maravilhas o EAD, o Ensino a Distância.
Assustador mesmo é ver o povo desarmado
diante do crime organizado e a facilidade e benesses dos corruptores,
especuladores e agiotas, até quando?
Agora o desmonte das estatais é a
ordem do grande mercado de capitais que assim transforma os serviços essenciais
em objeto de lucro a qualquer custo, pois simplesmente carecemos de Justiça
eficaz contra os abusos dessas empresas assim como todos os órgãos de
regulamentação e fiscalização sempre foram travados por contingenciamentos de
verbas e ingerências até sexuais na formação de suas equipes. Parece que o
inferno em que vivemos é proposital.
Nunca foi tão importante quanto
agora ouvir atentamente o depoimento do ex-ministro Deni Lineu Schwartz (DHPAZ PARANÁ - DEPOIMENTOS PARA A HISTÓRIA - DENI
LINEU SCHWARTZ)
para entender o que aconteceu após a “redemocratização” assim como compreender
a dinâmica do mercado financeiro internacional, a nova forma de imperialismo,
não de nações, mas de oligarcas absolutamente inescrupulosos. Para isso temos
de sobra bons filmes recentes e alguns livros clássicos, sempre lembrando que
qualquer obra literária aparece após algum tempo, ou seja, é anacrônica nesses
tempos supersônicos de grandes transformações (positivas e negativas) da
informação e processamento do conhecimento humano (Cascaes,
Livros e Filmes Especiais) .
Mas estamos nas vésperas do
aniversário de mais um evento promovido pelos militares, como o foi a
proclamação da República [ (Priore) , (Gomes, 2013) ];
31 de março de 1964 e 15 de novembro de 1889, dois eventos que ilustram bem a
inépcia dos civis e a força do corporativismo militar, nos dois casos decisivos
para a ruptura institucional. Com a proclamação da República livramo-nos de uma
sucessão imprevisível e critérios aristocráticos de comando do Brasil, a
Revolução de 1964 salvou nosso povo de uma guerra civil que ganhava contornos
assustadores, mas penamos duas décadas ao sabor do Almanaque do Exército e sob
o arbítrio imprevisível de pessoas que usavam a farda como instrumento de
império.
Devemos registrar que na
confiança de escalões superiores muitos subalternos usaram e abusaram do
direito de mandar indiscriminadamente. Disso fomos testemunhas amarguradas com
os rumos do 31 de março de 1964.
É importante lembrar que a
divisão ideológica da Humanidade viabilizou a Segunda Guerra Mundial, efeito do
racismo, da xenofobia e ódios que parecem renascer na ex-União Soviética.
Conhecendo mais profundamente as causas desse fenômeno chegaremos à compreensão
da formação de novos grupos de poder,
desde oligarcas a cartéis explícitos e implícitos, assim como o império de
grupos que simplesmente especulam com a capacidade de trabalho da Humanidade.
A escravidão volta mais
sofisticada, estimulada pelo consumismo e vaidades ingênuas, sempre
pressionando as pessoas a gastarem a vida em frivolidades.
Lamentavelmente estamos num
momento atroz. O que realmente nossos governantes em todos os níveis querem
fazer? Obedecem a quem? Sabem governar?
A degradação espantosa dos
serviços essenciais, cada vez mais importantes, camuflada por alguns
progressos, sempre, contudo, muito abaixo do possível e desejável, assim como a
definição de prioridades ao gosto da mídia, essa sob contratos formais de
patrocínio, angustia quem sonha com um Brasil melhor.
Talvez para milhões de
brasileiros as esmolas que recebem sejam tão maravilhosas, e são, que beijam as
mãos de quem lhes dá um mínimo a que sempre tiveram direito. Isso viabiliza a
cooptação e utilização de milhões de brasileiros eleitoreiramente. As
desigualdades regionais, fruto de elites podres em algumas regiões, são
instrumentos de perversões assustadoras, inclusive de preconceitos que
desmoralizam qualquer iniciativa e esforço de discussão de reformas saneadoras
e necessárias.
Mais ainda, o eterno pesadelo
demasiadamente humano do apego ao Poder e às suas benesses, é onipresente. O
efeito deletério dos palácios contamina pessoas que pareciam boas, mas se
deixam levar pelos áulicos e logo desenvolvem comportamentos doentios.
O povo vê atônito o desmanche de
ídolos e no jogo dos minutos e segundos do horário eleitoral a formação de
alianças espúrias mata o sonho de um Brasil melhor. O cenário foi preparado
para que se algo mudar tudo fique como está (Il Leopardo fez escola).
De que forma recuperar a
dignidade? Hannah Arendt tratou disso em um de seus melhores livros (Sobre a Revolução) assim como registrou
processos vis de transformação da sociedade humana (Arendt, As Origens do Totalitarismo, 2007) e o perfil dos seres
humanos relatando quase jornalisticamente o que descobriu e contou em (Arendt, EICHMANN EM JERUSALÉM ) .
Concluindo um tema interminável,
o que fazer?
Cascaes
120.3.2014
Dia para muitas reflexões do pessoal dos anos sessenta
31 de março é uma data que entrou
para a história do Brasil com o golpe, contragolpe, quartelada ou revolução de
1964. Teve bons e maus resultados. Em reportagens recentes vimos o que existiu
de pior, a tortura injustificável e brutal e atos clandestinos de Estado, algo
absurdo por qualquer ângulo de análise, ainda que até “naturais” até
recentemente em quase todos os países que formam a constelação institucional da
Humanidade.
Felizmente o senso comum evolui,
algo que marca a natureza eventualmente inteligente do ser humano.
O lado dolorido, pesaroso,
inaceitável para nós da geração de jovens da década de sessenta do século
passado foi a violência contra amigos e amigas que desapareceram em conflitos
secretos, discretos e notórios entre as famigeradas “esquerdas” e “direitas”.
O maniqueísmo ideológico foi, é o
maior sinal de atraso de nosso desenvolvimento da arte de pensar, aliás, em
tudo vemos os efeitos de coisas tão primárias quanto “torcidas organizadas” a
partidos políticos radicais. O sectarismo[3]
é uma patologia social de extrema gravidade.
No Brasil há muito espaço de
crescimento intelectual e social, nosso atraso é enorme.
O início deste ano foi
emblemático de episódios e comportamentos que mereceriam análises de gênios da
humanidade. O que aconteceu com o Setor Energético é um exemplo forte da
leniência, ignorância, malícia e, provavelmente, crimes monumentais contra o
povo brasileiro.
Exemplificando, só agora
“descobriram” o que acontecia com a Petrobras? Em tudo e por tudo o que temos é
um crime coletivo gigantesco e até primário, se pesquisarmos, entre outras
coisas, as habilitações dos membros das diretorias da Petrobras e de seu grande
Conselho de Administração. O que faziam? Liam gibis enquanto assinavam decisões
absurdas?
Os serviços essenciais (Cascaes,
Serviços Essenciais) no Brasil se transformaram em pasto
gordo para manadas de vigaristas...
As eleições para a Presidência
estimulam a concentração da artilharia contra a presidenta do Conselho de
Administração, a economista (?) Dilma Rousseff, nossa Excelentíssima Presidenta
da República, e os outros?
No Brasil a corrupção foi
argumento pesado até para a proclamação da República (Gomes, 2013) , tudo, contudo,
adiante se mostrou pura perfumaria escondendo intenções reais, entre elas o
tenebroso corporativismo exacerbado das Forças Armadas e as conveniências de
bispos a latifundiários e fazendeiros escravagistas.
É privilégio do Brasil? Um
romance de Umberto Eco (O Cemitério de Praga, 2011) ilustra bem o que
era o comportamento humano enquanto (O Diabo na Água Benta) relata os efeitos da
propaganda e mídia que viabilizaram a Revolução Francesa. Se os exemplos são
remotos podemos simplesmente estudar com profundidade o processo de construção
dos regimes totalitários, dos quais Hannah Arendt (Livros e Filmes Especiais) foi uma primorosa
analista. Os regimes capitalistas, por sua vez, caminham celeremente em direção
à criação de uma ditadura universal...
De modo geral as “democracias” e
regimes comunistas convergiram para quase dinastias e plutocracias[4]
da pior espécie. Por quê?
As limitações de aprendizado eram
gigantescas. Com tremenda facilidade manipulava-se multidões. As redes sociais
não existiam e o potencial de difusão do conhecimento humano era restrito a
poucos e caros livros em meio a populações majoritariamente analfabetas. A WEB
e os computadores possibilitam maravilhas, por isso mesmo assustando ditadores
em potencial e ditaduras consolidadas.
O ser humano é um animal pensante
em construção. Maravilhosamente evoluímos realmente e graças à massificação da
cultura, onde os famigerados “direitos autorais” não atrapalham, a educação e a
inteligência poderão, aliadas ao aumento da expectativa de vida sadia, produzir
ainda neste século 21 gerações de pessoas infinitamente melhores do que as
nossas mais antigas.
O desafio, entre outros, será
ajustar a mídia comercial e institucional para a evolução da inteligência e
educação e trazê-la para o chão dos Direitos Humanos, dos quais tivemos uma
excelente exposição do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sérgio
Luiz Kukina (Direitos prestacionais, Direitos Sociais Prestacionais, Ministro Sérgio
Luiz Kukina, o STJ e os Direitos das PcD, , 2014) . É fundamental em
tempos que sinalizam a possibilidade de regressões assustadoras a construção de
bons paradigmas, valores e educação ainda que sempre aberta (a Mídia) a
programações contraditórias e necessárias. Não devemos confundir liberdade de
expressão política e filosófica com o direito de destruir crianças e jovens com
mensagens doentias.
Mas 31 de março de 1964, 15 de
novembro de 1889, o getulismo, tenentismo etc. assim como o encilhamento[5],
as bolhas especulativas na Economia, a escravidão e muito mais formam uma
coleção de assuntos que deveriam ser conhecidos por todos os adultos com o
máximo de profundidade possível. A História é uma coleção de fatos e pessoas
emblemáticas, boas e más.
Acima de tudo não queremos
ditaduras, tortura, polícias secretas, processos ocultos, censura,
arbitrariedades, iluminados dizendo o que devemos fazer. Para enfrentar todos
os tipos de ditadura devemos ter condições de diálogo, humildade e aprendizados
essenciais à dignidade humana. Mais ainda, estar atentos a doenças sociais e
políticas que desmoralizam os ideais de liberdade, fraternidade e igualdade.
Cascaes
31 de março de 2014
O que entendo por Deus
O livro (Ética -
Demonstrada à Maneira dos Geômetras) de Baruch Spinoza[6]
dá uma visão dele sobre a figura do Criador em uma época em que se declarar
ateu ou até agnóstico poderia significar a morte e torturas aplicadas pelos
fanáticos após qualquer denúncia. Seu livro só foi publicado após sua morte e
sob cuidados especiais. É uma obra extraordinária que merece leitura e
releitura inúmeras vezes.
Assim, lembrando, mas fugindo do
seu rigor matemático, o roteiro de Spinoza proponho a seguinte definição para o
que seria ou é Deus:
1 – Entendo como ser universal, a
quem denomino Deus, o ente formado pelo conjunto das leis que governam a
Natureza (não o contrário).
2 – O Universo é absolutamente
tudo o que existir de forma material (no binômio “matéria- energia” enquanto
não se descobrir mais nada).
3 – A natureza de Deus é
inacessível por qualquer objeto ou ser de sua criação.
4 – Deus, sendo o que é, não modifica
sua vontade arbitrariamente.
5 – Deus é absolutamente
infinito, isto é, um conjunto material/energia eterno e com leis definidas
objetivamente (sem paixões).
6 – O que é perfeito e onipotente
é não muda, não depende de esforços humanos.
Ponderações
A Humanidade inventou a figura de Deus para ter proteção e
esperanças. O conceito do que possa ser Deus é manipulável, pois é vago e
pessoal, apesar das pessoas fazerem afirmações peremptórias, tanto mais
veementes quantos mais oportunistas e medrosas forem. A falta de instrução, a
ausência de conhecimentos em Ciências Exatas assim como de História e Filosofia
fortalecem comportamentos radicais, que também aparecem quando o jovem é
submetido a uma educação dirigida fortemente para alguma religião.
Podemos qualificar a Humanidade e o comportamento de nações a
partir de suas religiões dominantes. A história e o noticiário atual em
qualquer época adiante sempre ilustrarão as convicções existentes.
Deus, existindo de alguma forma, seja ela qual for, estará
infinitamente acima de nossa capacidade de verificação e questionamentos
diretos. Podemos, quando muito, intuir e aceitar, até mesmo acreditar com forte
convicção, mas isso será sempre algo singular, íntimo.
Imaginando que Deus exista e de alguma forma transmite seus “recados”,
temos o direito de fazer meditações, análise de nossas consciências mais nobres.
É pouco verossímil imaginar que um Ser Supremo seja instigador de atos
agressivos, maus, vingativos etc.
A visão antropomórfica do Grande Arquiteto do Universo é
perigosa, pois temos defeitos demais para acreditar que fomos “feitos à imagem
e semelhança de Deus”.
Imaginar Deus com atributos positivos e lembrar que Ele não
será bajulável, não é algo à espera de rezas e promessas ajuda a entender a
responsabilidade que carregamos sobre nossos destinos.
O peso da consciência é monumental e proporcional à inteligência
e cultura que pudermos acumular. Quem não as tem por natureza e, ou educação é
inimputável, é um simples animal. Tendo tido a oportunidade de crescer
intelectualmente tornamo-nos reféns do que aprendemos...
Reflexões de final de ano
Dia de natal e esperando o ano novo
As festas de Natal marcam uma época em que os povos cristãos
se transformam. Durante alguns dias todos se lembram de que existem crianças e
que devemos lhes dar presentes. ONGs e comunidades religiosas se esmeram, a
maioria delas depois simplesmente esquece que essas garotinhas e garotinhos
serão adultos, gente grande, precisando de atenções tanto maiores quanto
menores forem.
Expandindo os atos caridosos os presentes podem abranger
famílias que desesperadamente carecem de tudo o ano inteiro.
O Brasil exporta milhões de toneladas de alimentos para
importar de tudo, inclusive inutilidades e futilidades. O pesadelo social em
que vivemos é fruto de uma lógica perversa que nos domina desde tempos muito
distantes. Aqui, nesses oito e meio milhões de quilômetros quadrados, povos
distantes chegaram antes, exercitando também a violência mútua e as lutas pela
sobrevivência.
No passado, quando a competência da agroindústria e o
desenvolvimento tecnológico eram desconhecidos, a luta pelo pedaço de carne ou
frutas e raízes era feroz, sem tréguas e limites éticos. Isso ainda existe em
comunidades primitivas, inclusive em nossas florestas, reduto de povos que
provavelmente encontraram aqui uma forma de escapar de outros mais competentes
na arte de matar.
Charles Darwin explicou isso tudo muito bem, criando escola [ (Darwinismo) , (Criacionismo
x Evolucionismo Debate SESC TV) , (DARWIN Y
LA EVOLUCIÓN BIOLÓGICA) ].
O conhecimento humano cresce espantosamente e graças ao
universo WEB temos acesso a excelentes fontes de informação e formação. Maravilhosamente
podemos agora mudar comportamentos, seremos capazes disso?
É triste observar a indiferença de pessoas que poderiam se
aprimorar e fazer muito mais. Aliás, Michel Foucault falou muito sobre tudo
isso. Também escreveu muito e um destaque é seu livro Arqueologia do Poder (Foucault, A Arqueologia do Saber, 2010) .
Podemos fazer muito, é só querer.
Creches e escolas (por exemplo) salvariam milhões de
brasileiros; as elites, aquelas que nos governam, preferem dar esmolas,
presentes, rezas e penitenciárias.
Conversando na véspera de Natal com meu neto João Pedro ele
contou com orgulho seus trabalhos sobre a não criminalização de jovens abaixo
dos 18 anos. Contraditando defendemos a eliminação dessa barreira cabalística e
novas leis, mais racionais e atentas à natureza humana. Queríamos vigiar e
punir (Foucault, Vigiar e Punir) ?
A Educação, a saúde, a proteção às crianças e aos jovens e
aos quase adultos têm no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (LEI Nº
8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 - ECA) a proteção formal do
Governo e compromisso da população brasileira, a obrigação de lembrar
permanentemente que cuidar das crianças é também a solução para a maioria dos
problemas sociais que temos.
O ECA seria fantástico se a estrutura criada a favor da
criança e do adolescente fosse mais competente. O que faz com que as
instituições funcionem é muito mais a vontade, determinação e capacidade de
seus agentes do que a quantidade de funcionários. Lamentavelmente acreditamos
que estruturas gigantescas sejam necessárias...
Com certeza os agentes principais são os eleitos e que
governam nosso país, eles conhecem e amam seus eleitores ou apenas os
patrocinadores de campanha e colaboradores de suas eleições?
Infelizmente, como acontece com todas as leis dedicadas à
vida dos brasileiros e das brasileiras (seria um fenômeno universal?), as
pessoas em geral realmente estão preocupadas exclusivamente com questões
pessoais.
A violência de toda espécie cresce no Brasil, voltamos
inclusive aos tempos dos gladiadores. Não se matam com espadas e porretes
(ainda), mas ganham sequelas e causam lesões que, junto à loucura da velocidade
e mobilidade motorizada (principalmente) produzem a próxima geração de pessoas
com deficiência(s), reduzem a expectativa de vida dos jovens adultos,
principalmente, e entopem os cemitérios. Em tempo, dão muito lucro a quem
promove essas coisas. Felizmente agora os crematórios diminuem a necessidade de
tantas covas.
A violência camuflada de esporte contribui para a alienação e
perversão dos viciados em telinhas e nossos futuros e ainda pequeninos e
adolescentes cidadãos e cidadãs assim como excita desportistas da cerveja e
pipoca.
No cerne da violência, talvez inerente ao ser humano,
encontramos muitas causas.
O livro (A
República dos Meninos - juventude, tráfico e virtude, 2013) apresenta um
trabalho de pesquisa de campo do autor extremamente interessante; suas
conclusões e ponderações (do Dr. em Sociologia, Diogo Lyra, que saiu de suas
salas para mergulhar em locais de recolhimento de menores infratores, algo raro
no mundo acadêmico) merecem leitura e análises minuciosas. Nessa obra
justifica-se com destaque constatar a influência da irresponsabilidade da mídia
comercial, sempre extremamente preocupada com a liberdade de imprensa, algo
muito diferente da exploração de taras e a submissão a grupos empresariais.
Nós (pessoalmente) temos experiências que merecem registro e
demonstram o que lemos. Quando existiu participamos, por exemplo, do (Projeto
Sol Nascente)
onde gravamos depoimentos de profissionais e lideranças que atuam na Vila Audi,
uma área com muitos habitantes em condições de risco social. Conhecemos a
Comunidade OSSA (Cascaes, Conhecendo a
Obra Social Santo Aníbal (OSSA) , 2010) . O que vimos e
ouvimos era assustador, os efeitos da miséria sobre as crianças é devastador. O
pesadelo social tem muitos efeitos e propostas (Como reduzir a
gravidez precoce e a criminalidade , 2009) . À época começávamos
a agir junto a pessoas extraordinárias do LCC Batel; que experiência!
Graças ao Lions Clube de Curitiba Batel mergulhamos em
ambientes muito diferentes àquele em que vivemos, eu e alguns companheiros e
companheiras. Nosso amigo e companheiro LIONS, Professor Nílson Izaías
Pegorini, foi o grande mestre.
Os projetos sociais desse autêntico clube de serviços (Melo) , muitos documentados
em blogs, mostram por onde estivemos e ainda agimos e o que propomos [ (Ações ODM em Curitiba e RMC) , (Escola de Música Lions
- LCC Batel) ,
(PROJETO
LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA) , (Projeto Colombo) , (Projeto Zumbi - Mauá) etc.].
Não é necessário, contudo, mergulhar em lugares distantes do
centro da capital do Paraná. Quem tem olhos pode ver pessoalmente. Curitiba
atrai pessoas de toda espécie e nossas ruas são um espelho do Brasil, talvez
com mais luxos e requintes, mas testemunhos de nossa história.
Felizmente agora dispomos de recursos de comunicação
independente; as fantásticas redes sociais e sistemas que a Google e outras
megaempresas criaram com extrema competência (blogues, youtube, etc.) além dos
equipamentos digitais de gravação de imagens, sons e movimentos dão uma
liberdade e potencial de expressão de nossas opiniões que não imaginávamos
possíveis em nossa existência. Os computadores fazem o resto. No blog (Cascaes,
TIinformando)
criamos uma ponte para todos os espaços que exploramos nesse mundo cibernético.
E o Natal?
Jesus Cristo deve ter sido uma pessoa extraordinária, mas em
sua época pouca esperança havia de resolver com fraternidade e liberdade os
problemas da Humanidade, uma coleção de seres eventualmente racionais. A
esperança era a vida após a morte e aqui existir de forma a conquistar um lugar
no Paraíso. De filósofos e pregadores a imperadores o fundamental era usar os
exércitos para disciplinar o povo radicalmente ignorante e perigoso.
Para sobreviver o “homo sapiens sapiens” vem das florestas e
savanas com subprogramas em seu cérebro que eram fundamentais à sua luta por
espaços, comida e segurança. Talvez ainda sejam tão importantes ou até mais do
que nesses tempos imemoriais...
Nossas taras, atavismos, convicções e nossos padrões de
comportamento escondem logo abaixo da pele impulsos primitivos facilmente
perceptíveis entre torcidas organizadas a militantes religiosos e políticos.
Mais ainda, em qualquer ambiente secreto, discreto e público
o zelo fanático pela propriedade privada, só para exemplificar, demonstra o
rigor dos cuidados que temos pelos ossos que gostamos de roer.
Nossos padrões éticos e morais servem para racionalizar
desejos, medos e instintos.
O que precisamos entender é que no século 21 da era cristã é
possível pensar na saúde e felicidade geral dos povos, se eles superarem
culturas obsoletas e nocivas. Estranhamente encontramos o culto às tradições;
Eric Hobsbawm ilustra muito bem isso, Hannah Arendt procura entender, teóricos
políticos acreditam que sabem e sociólogos fazem inúmeros estudos para gerar
uma cultura em torno de nossos problemas dos mais triviais aos mais complexos (Cascaes,
Livros e Filmes Especiais) . Temos onde estudar e aprender, é só
querer. O que limita a participação consciente é a ignorância voluntária, a
alienação a que nos impomos crentes de que poderemos compensar tudo o que
fizermos em atos de caridade e penitência.
O importante é saber que a Terra pode sustentar a vida em sua
superfície, se quiser. Os desafios existem (Cascaes, Mirante da
Sustentabilidade e Meio Ambiente) dentro e fora de
nossas cabeças. Podemos, contudo, garantir uma sociedade melhor se soubermos
usar o que podemos aprender.
Ou seja, a esperança de evolução da Humanidade depende acima
de tudo do desenvolvimento de sua capacidade de raciocinar e aproveitar
informações que a Tecnologia já viabiliza em casa, no bolso, nas pastas até de
alunos e alunas infantis.
Todo final de ano temos a semana da bondade e dos votos de
sucesso, saúde, amor etc.
A Hipocrisia e os comerciantes ganham espaços. Até
sentimentos justos se revelam com força, potencializados pelo clima natalino. O
que estraga tudo é a escala de valores e prioridades, desde as mais
condenáveis, como, por exemplo, a empáfia e egolatria de lideranças políticas e
econômicas, até a simples luta pela sobrevivência.
Precisamos aprofundar estudos sobre ética e moral, o século
21 exige isso, pois a sobrevivência de todos, paradoxalmente, avança para
situações de altíssimo risco. O que precisamos entender é que acima de
convicções ideológicas e religiosas convém lembrar que na hora das tragédias
seremos pessoas desesperadas, talvez lamentando a omissão dos tempos de fartura
e riqueza de oportunidades.
Conclusões
·
A
crença em Deus apenas serve para conforto e esperanças
·
O
ser humano é vaidoso e medroso, de modo geral, afastando-o de comportamentos
objetivos se a crença em Deus fosse real e consistente.
·
O
essencial seria a evolução do pensamento humano, levando-o a perceber que sem
amor ao próximo não será feliz.
O dinheiro, a riqueza e o ser humano
Um objeto de extrema relevância, uma das maiores invenções da
Humanidade é o dinheiro[7].
A importância do que chamamos dinheiro é enorme e sua utilização é quase
universal. Ter dinheiro significa poder, capacidade de sobreviver, conquistar.
Tudo muito bem visualizado exceto em casos extremos.
Imaginemos uma pessoa sedenta e esfomeada cair de paraquedas
sobre uma montanha de dólares, marcos, reais etc. no meio do deserto, a
milhares de quilômetros de qualquer semelhante. Serviria isso tudo para quê?
Podemos repetir a pergunta com algo mais concreto, e se o
paraquedista pousasse sobre poços de petróleo, minas de diamante, montanhas de
prata e ouro nas mesmas condições, o que desesperadamente procuraria?
Ou seja, o dinheiro é um meio de troca de trabalho presente
ou futuro, acima de tudo é o resultado de uma convenção. Seu significado
depende da existência ou promessa de oferta de produtos e serviços. Sem objeto
de troca é uma ficção.
Como surgiu a “ideia” do dinheiro?
À medida que os seres humanos se instrumentalizaram e puderam
trocar mercadorias e serviços tiveram que resolver a lógica dos valores e de
como garantir lealdades e produtos a qualquer tempo.
Lealdades, exércitos e até rebanhos se conquistam pela força
do dinheiro.
É sempre importante lembrar a compulsão de craca de todos os
homo sapiens sapiens, ou melhor, a necessidade de qualquer um agregar-se a
alguém que o ajude a sobreviver. A riqueza é um fator de simpatia fortíssimo.
Dinheiro, de que forma?
A princípio valia o escambo ou a simples apropriação do mais forte
sobre o mais fraco, aos poucos o humanoide aprendeu a trocar, nasceu o escambo[8].
Trocar um camelo por um pote de água talvez não fosse justo,
olhe aí a introjeção do conceito de Justiça.
Alguma coisa precisaria a existir para a viabilização de
frações e que valesse até quando um camelo normal morresse de velho.
Assim gradativamente a Humanidade inventou a moeda[9].
Na sociedade feudal, monárquica e teocrática o dinheiro se
transformou em instrumento de poder, algo que os chefes precisavam para, junto
com o as esperanças e medos religiosos garantissem lealdades.
A moeda evoluiu para o dinheiro (O que é o
dinheiro?, 2002)
moderno, algo desconectado de metais e cédulas impressas, acima de tudo dentro
de uma lógica de especulação de moedas, mercadorias, serviços, hipóteses de
valor que dominam o mundo, do qual o filme (O Lobo de Wall Street, 2014) dá uma excelente
aula, algo que vimos desde livro de grandes pensadores a economistas clássicos (Cascaes, Livros e Filmes Especiais) .
Nisso tudo a riqueza e as lógicas de acumulação e utilização
de capital estimulam os seres humanos a comportamentos que iniciam de forma até
ingênua e podem terminar animalizando os mais poderosos e, de forma explícita,
criminosos e quadrilhas de bandidos. O livro (O Senhor das Moscas - "Lord of Flies") ilustra muito bem o
que significa poder e a biografia de Alan Greenspan (Greenspan) registra a
fragilidade do mundo atual em torno do dinheiro e do capital.
O que isso tudo se relaciona com a ética, o que é importante
dizer?
A importância da moeda em nossas vidas ultrapassa qualquer
avaliação. Qualquer sociedade aberta ou fechada pratica o conceito de capital[10]
e moeda. O que muda, dependendo do ambiente, é o formato do dinheiro, que pode
ser santinhos, certificados, grãos em alguma garrafa, créditos no outro mundo,
cuc[11][12]
ou rublos dos tempos soviéticos. Nada mais lógico do que estabelecer
indicadores e valores, seria impossível viver em sociedade sem isso, a menos
que existíssemos em algum paraíso tão rico e cheio de facilidades que bastasse
desejar algo para possuí-lo, usá-lo e dispor de serviços feitos por anjos ou
robôs.
Isso não existe para todos, ainda que quase seja possível
para alguns potentados e bilionários, todos dispondo de riquezas e dinheiro
para satisfação de suas manias.
Como querer, aceitar ou rejeitar a riqueza ou a pobreza e uma
infinidade de situações intermediárias depende da índole e educação do
indivíduo. O que nunca é de se desprezar é a limitação da existência humana.
Dinheiro facilita viver conforme desejamos. Ter dinheiro significa compromissos
de trabalho ou simplesmente sorte. Na loteria da vida tudo é possível. Fazer
riqueza poderá, contudo, deturpar valores morais, qualidade de vida, isolar-se
ou viver junto a pessoas de mau caráter.
Sempre é bom lembrar a máxima “dize-me com quem andas e te
direi quem és”, valendo também: os amigos, amigas e companheiros, parceiros
etc. influem em nossos comportamentos e caráter.
O custo da riqueza pode ser trágico (Scorsese,
2014) .
A riqueza é Poder. No mundo moderno ter dinheiro representa,
proporcionalmente, a possibilidade de realizar e fazer coisas inimagináveis até
pela aristocracia mais forte há poucos séculos. O que, felizmente, limita
excessos é a organização da sociedade e suas leis, apenas elas de forma
objetiva, enquanto o caráter, a educação, os valores pessoais farão o resto,
talvez muito mais diante da mercantilização da Justiça, sempre extremamente
servil aos poderosos.
Para se defender povos organizados inventaram leis, religiões,
ideologias, etc.
Naturalmente qualquer indivíduo vive imerso em multidões.
Quanto maiores, mais insignificante e, para as grandes lideranças, mais poder.
O exercício do poder político também tem ilusões. A queda,
destruição, abandono de lideranças é a consequência natural quando elas já não
satisfazem os anseios dos liderados. É interessante notar em família como os
pais são amados quando fazem as vontades dos filhos, sendo desprezados poucos
instantes após se negarem a satisfazer caprichos, por mais idiotas que o sejam.
O dilema dos pais é um ponto estratégico na formação do ser
humano adulto.
Educar é apresentar aos educando ladeiras, montanhas, e
dizer: suba! Vire-se!
Sutilmente, tecnicamente os responsáveis devem preparar os
alpinistas. Ou melhor, é o desafio permanente. Nada pior do que gerar
facilidades gratuitas.
Com certeza não se conquista paixões sendo duro, enérgico,
disciplinador, educador. Ganha—e admiração quando os resultados positivos
aparecem, isso nem sempre acontece (resultados e admiração).
O valor dos pais não se mede pela admiração dos filhos e sim
pelo sucesso que seus descendentes alcançam.
Sobre o que é educar e quem são os educadores gosto do que
encontrei na Wikipédia e sendo uma enciclopédia livre dá a liberdade da
transcrição:
Educação engloba os
processos de ensinar e aprender.
É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos
destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição,
às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários
à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto
processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de
convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo
ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os
conceitos de socialização e
endoculturação,
mas não se resume a estes.
A
prática educativa formal — que ocorre nos espaços escolarizados, que sejam da
Educação Infantil à Pós Graduação — dá-se de forma intencional e com objetivos
determinados, como no caso das escolas. No caso específico da educação formal
exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar.
No caso específico da educação exercida para a utilização dos recursos técnicos
e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade,
dá-se o nome de Educação Tecnológica.
Outra prática seria a da Educação Científica,
que dedica-se ao compartilhamento de informação relacionada à Ciência (no que
tange a seus conteúdos e processos) com indivíduos que não são tradicionalmente
considerados como parte da comunidade científica. Os indivíduos-alvo podem ser
crianças, estudantes universitários, ou adultos dentro do público em geral. A
educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo com o
grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na
sociedade. Mas, acontece também no dia-a-dia, na informalidade, no cotidiano do
cidadão. Nesse caso sendo ela informal.
Na
generalidade do que significa o verbete encontramos a amplitude a
responsabilidade da família, primeiro e maior estágio de formação de qualquer
ser humano.
Nisso
tudo devemos avaliar o exemplo, a plataforma sobre a qual desenvolvemos nossos
desejos e aptidões.
A
importância da riqueza está associada à disposição para conquista-la, com todos
os seus custos fisiológicos, sociais, mentais etc.
Domênico
de Masi
Politicamente incorreto
Hipóteses
1 – É mais fácil “acreditar” do que negar afirmações de gente poderosa
ou amiga.
2 – O senso comum, se fosse correto, o mundo seria muito melhor.
3 – as pessoas são extremamente influenciáveis.
Tese
O que se considera politicamente
incorreto merece atenção, pois é um espaço de soluções renegadas dentro do
comodismo de raciocínio.
Ponderações
O livro ([org.], Foucault - a coragem da verdade) traz o que Michel
Foucault entende e defende como “parrhesia” (pgs. 59 e 60):
“A
parrhesia é um tipo de atividade verbal na qual o falante tem uma relação
específica com a verdade por meio do falar francamente, uma certa relação com
sua própria vida por meio do perigo, um certo tipo de relação consigo mesmo ou
com os outros por meio do criticismo (crítica de si ou de outrem), e uma
relação específica com a lei moral por meio da liberdade e do dever. Mais
exatamente, a parrhesia é uma atividade verbal na qual um falante exprime sua
relação pessoal com a verdade e arrisca sua vida, pois considera que o dizer
verdadeiro é um dever em vista de melhorar ou ajudar a vida dos outros (assim
como ele faz consigo mesmo).”
Dizer a verdade
significa muito, pois a “Academia” e muitos conceitos e preceitos humanistas
estabelecem proposições e comportamentos que são autênticos dogmas modernos.
Se antes as religiões
impunham crenças, agora defensores dos Direitos Humanos, principalmente, usam e
abusam de forma irresponsável de conceitos e afirmações que não se sustentam na
vida em geral.
Para a sobrevivência
individual e geral é fundamental o exercício da verdade de forma radical, a
começar pelo conhecimento profundo de nós mesmos (ver a história da Escola
Cínica e Diógenes Dion nas obras de Michel Foucault).
Devemos raciocinar
como passageiros, oficiais, marinheiros em um grande navio enfrentando
tempestades e finalmente afundando, como agiremos realmente?
Qualificar,
classificar, entender e se relacionar com seres humanos é essencial à nossa
sobrevivência, afinal, que significado teria para nós o planeta Terra e a Humanidade
se vivêssemos em outro planeta de outra constelação?
Teorizar é fácil para
aqueles que não têm responsabilidades executivas, de comando e gerenciamento.
Vemos, lemos e ouvimos
“conselhos de especialistas” que simplesmente não servem para nada em situações
de grande responsabilidade.
E o ser humano é fruto
de seu ambiente, história, acidentes, incidentes, saúde, educação, etc.
Coleções de indivíduos que denominamos famílias, tribos, nações, raças etc.
trazem consigo uma série de fatores que os personalizam. O corpo humano é uma
máquina excepcional, merecendo muito cuidado ao ser avaliado.
Existem diferenças. O
desafio é a evolução, em que sentido?
As guerras mundiais e
todas as outras mostram a fragilidade de nossa inteligência. Argumentos
absurdos geraram campos de concentração, crematórios, experiências e matanças
inacreditáveis há pouco tempo. Vamos ver a repetição desses eventos se não
pudermos transmitir aos mais jovens sentimentos de fraternidade e
solidariedade.
Infelizmente a
hostilidade recíproca cria fortunas. O exemplo mais absurdo e comum entre nós é
o das torcidas em torno de clubes de futebol. Empresas com profissionais que
jogam se bem pagos motivam autênticas guerras que fazem a delícia de
comentaristas de futebol, por exemplo. Afinal, não fosse a paixão, que emprego
teriam?
Admitir as diferenças
e saber aproximar positivamente as pessoas é o desafio do século 21. Todos são
importantes na luta pela sobrevivência das nações.
Conclusões
1 - O politicamente
correto viabilizou ditaduras, o racismo, a xenofobia.
2 – podemos regredir
aceitando teses superadas.
3 – a dúvida
permanente é essencial.
Recomendações
1 – Duvidar sempre.
2 – Não aceitar tacitamente
o que se declara “poiticamente correto”
3 – Estudar sempre
O Universo dentro e fora do ser
humano
Hipóteses
1 – A complexidade da Natureza
ultrapassa tremendamente nossa capacidade de compreensão
2 – A existência do Universo para
fora e para dentro de nós é possível graças a leis perenes e se mudam isso
acontece em função de outras leis.
3 – A vida é um fato acima de
nossa compreensão.
Tese
O Universo vai do menor segmento
material ao conjunto de galáxias e ultrapassa nossa capacidade de compreensão.
Ponderações
Em noite limpa e local sem as
luzes das cidades podemos ver um número enorme de estrelas, pontinhos luminosos
sem cintilação que são os planetas, uma parte da Via Látea, eventualmente
meteoros e olhando melhor nebulosas numa abóbada que parece querer despencar
sobre a gente.
Em qualquer laboratório ou filme
científico teremos condições de mergulhar dentro de nós mesmos, descobrindo
complexidades inimagináveis e até simbioses que nos mantêm vivos.
Sentimos nossa dimensão infinitesimal
olhando para cima e percebemos a distância de explicações simplificadas e a
realidade da vida estudando simples bactérias.
Nesse cenário é difícil querer
explicar tudo, pior ainda, simplificar atribuindo tudo a um ser mais complexo.
As dúvidas, se tivermos coragem de alimentá-las, são enormes.
A impossibilidade de saber e
entender é algo real, inevitável. Muitos pensadores partiram desse princípio
(céticos)[13] e
estavam certos. A Ciência descobre mais e mais detalhes sobre o Universo,
criando mais dúvidas do que certezas.
Não é prático, contudo,
simplesmente duvidar, assim a adoção de algum figurino pode acontecer por puro
pragmatismo.
Precisamos, contudo, fazer
opções, pois elas são exigidas e listadas por terceiros. Não temos liberdade de
fazer afirmações contrárias às convicções dos poderosos e de muitas pessoas com
tantas convicções.
De qualquer forma a Humanidade
precisa evoluir para poder sobreviver e tantos os povos mais rudes até os mais
sofisticados precisam rever comportamentos e se ajustarem aos desafios da
sobrevivência, para isso todos têm direitos e deveres de ajustamento de
conduta.
Conclusões
1 – A inteligência humana e
qualquer outra que possamos constituir sempre estará acima de nosso alcance.
2 – O Universo, por si só, merece
nossa admiração e respeito.
Recomendações
1 - a Humildade intelectual é fundamental ao
nosso desenvolvimento.
2 – Sempre estaremos abaixo do
potencial necessário e suficiente à compreensão do Universo.
Base cultural e natural
Conheci ao longo da vida, ou melhor, desde que tomei
consciência da qualidade de muitas pessoas próximas, gente muito inteligente.
Eram seres humanos racionais com um tremendo referencial ético, e a referência
usada para estimular minha disposição para o estudo formal, algo pouco
atraente.
Lendo a história da Princesa Isabel (Priore, 2013) descobri que a disposição para não
facilitar partos e parturientes era uma diretriz religiosa em nosso país sempre
atrasado, assim ganhei traumas e minha mãe lesões físicas e mentais,
provavelmente.
As limitações pessoais foram “enriquecidas” por uma tosse de
cachorro que me acompanhou até o início da puberdade.
Aprendi com tudo isso que a inteligência tem efeitos
relativos. Mais tarde, apaixonado por Astronomia, comecei a olhar as estrelas
com pequenos telescópios, descobri que assim via melhor alguns pontos e espaços
do firmamento, mas deixava de enxergar o céu como um todo.
O excesso de capacidade de raciocínio pode prejudicar a visão
das pessoas...
Qualquer que seja a nossa constituição temos, felizmente, um
tremendo potencial.
Somos computadores dotados de excelentes sensores,
servomecanismos, transdutores, sistemas elétricos de transmissão de dados,
estrutura física feita para grande mobilidade, capacidade de manipulação
material, etc. e sistemas de processamento de dados, arquivo, softwares
dedicados, sistema operacional fantástico, unidades polidimensionais de comunicação
e cálculo (neurônios), glândulas que produzem estimulantes e atenuadores,
reprodutividade (sexo e complementos), etc.
Ou seja, geneticamente trazemos uma coleção de
características e, desde a concepção, sofremos ajustes e até transformações
radicais em consequência de ambiente (educação, relações humanas) e acidentes e
incidentes decisivos à nossa vida.
Assim aprendi (vou alternar a primeira pessoa do singular com
a do plural em favor da precisão do texto) muito com meu pai, pessoa
extraordinariamente inteligente, lúcida e responsável. Graças a ele aprendi a
duvidar com tolerância às divergências, existe maior lição do que esta? Pedro
Cascaes morreu cedo, algo que me entristece profundamente sempre que me lembro
disto. Fez muita falta ao filho curioso, teimoso acima de tudo, ainda que
relativamente disciplinado à força pela mãe.
Entre a inteligência primorosa e bem estruturada e a cultura
do pai e os padrões comportamentais da mãe, criada em tempos de escravatura,
disciplina a qualquer custo, sentimentos excessivos e fúteis típicos da
educação que recebeu, ganhei uma base inestimável além da herança genética
extremamente pronunciada para tudo o que sou.
Fantasticamente as divergências de base religiosa de meus
pais estimularam conversas intermináveis e diárias, principalmente no horário
do almoço e janta, com o Pedro Cascaes. Com imensa paciência ele explicava seus
pontos de vista, não os impunha. Meu pai falava pausadamente, pensava muito
antes de responder, ensinou-me a pensar.
As lições de casa também mostraram os equívocos, tais como a
violência física que minha mãe exercia de forma arbitrária e ilógica e os
vícios, dentre os quais o tabagismo foi o de piores consequências. Era uma
época em que a mídia comercial, sempre ela, faturava fortunas continuamente
defendendo a tétrica arte de fumar, mesmo depois da demonstração mundial a
partir de centros médicos honestos de que o cigarro e similares eram vícios
mortais. Aliás, isso não mudou. O alcoolismo, o uso abusivo de automóveis, o
consumismo desregrado mantêm os sistemas privados de comunicação, bem pagos por
grandes grupos econômicos. Falarei, escreverei (espero pulicar esse trabalho em
versão oral e escrita, se possível em LIBRAS também) mais disso adiante.
A base cultural em que me formei teve uma contribuição
excepcional do povo de Blumenau. Os blumenauenses das décadas de quarenta a
sessenta eram bem caracterizados. Gente de origem predominantemente germânica
naquela época externava fortemente as virtudes e defeitos de um povo
determinado, guerreiro, trabalhador e também vítima e algoz graças a conceitos
de raça e poder.
Blumenau era uma vitrine mais elaborada do fascismo que os
getulistas tentaram aplicar aos brasileiros. Aliás, aqui, dizia meu pai que
qualquer ideologia seria desmoralizada pela maneira de ser dos brasileiros, o
que não deixa de ser uma virtude importantíssima num planeta que abriga uma
espécie de vida tão cheia de certezas, quanto o é o ser humano.
Entre defeitos e virtudes meu segundo lar foi o Colégio Santo
Antônio. A disciplina era forte, menos do que em minha casa. Assim lá vivi e
convivi com pessoas excepcionais (em todos os sentidos). Mais uma vez a
heterogeneidade entre professores demonstrava a fragilidade dos dogmas,
ideologias, religiões, morais e éticas que ao longo da história os se construiu
para agora dividir o mundo, nações, famílias e até grupos circunstanciais
presos a catecismos que aceitam, por mais idiotas que sejam.
É incrível a fragilidade de pessoas aparentemente cultas,
capazes de afirmar e fazer juramentos e afirmar crenças absolutamente
anacrônicas e distantes de suas vidas particulares e sociais, onde demonstram
inequivocamente que só aproveitam de tudo o que dizem acreditar o que lhes
convêm.
O processo de racionalização assusta.
A saúde pessoal foi um fator marcante e decisivo na
construção e percepção de minhas crenças. Desde muito cedo a alergia e
bronquite “Tosse de Cachorro” (Laringite estridulosa ou “Tosse de cachorro” Uma
doença de inverno?, 2008) foi uma limitação violenta, levando
meus pais a exercerem uma vigilância severa sobre o que fazia.
Era um tremendo “perna de pau” e assim acabei tendo nos
passeios de bicicleta o meu lazer e esporte favorito (Brasil Não Morizado, 2013) , algo que
viabilizava o gosto por esportes radicais, nunca confessados aos meus pais. Imagino
qual seria a reação de minha mãe se, ao longo dos anos, soubesse em detalhes o
que o filho fazia em todos os lugares em que viveu...
Com certeza tive o privilégio de estudar em São Paulo,
capital, onde passei um ano (1963) frequentando o cursinho pré-vestibular Di
Túlio, na rua Conde de Sarzedas, na Liberdade. Neste ano de dúvidas imensas ou
simples apatia profissional aprendi muito conhecendo a cidade de São Paulo e
suas atrações gratuitas, das apresentações da Orquestra Sinfônica no Teatro
Municipal ao Planetário no Ibirapuera onde revia as estrelas que deixara em
Blumenau.
Vestibular, Itajubá e tudo o que aconteceu a partir de 1964
serviram para educar e temperar conhecimentos e ideais, entre eles o mais
nobre, cuidar de minha família.
Maravilhosamente tudo contribuiu para agora escrever este
livro, ser autodidata pode desmerecer o que se faz no mundo acadêmico, mas, se
feito de coração e com base em bons livros, filmes e na grande escola que é a
vida pode merecer registro...
Nossos instintos, nossas
glândulas e comportamentos
Hipóteses
1 – O corpo humano contém glândulas que governam o
comportamento e ações do ser humano.
2 – O cérebro é um dispositivo de processamento de dados que
se auto-programa.
3 – Temos por herança e necessidades biológicas programas
residentes.
Tese
Ponderações
Além da educação o corpo humano é um sistema de processamento
de dados e transformação de resultados em movimentos graças a sistemas
mecânicos e servo mecanismos.
Alguns livros, filmes e experiências pessoais ensinaram muito
e na “terceira idade”, idiotamente denominada “idade feliz”, devemos e podemos
avaliar tudo o que aprendemos, sabemos e experimentamos. O esforço é sempre
válido para procurar que nossos descendentes não repitam os erros dos pais...
Obras literárias bem feitas criam impactos fortes na educação.
A partir de momentos especiais que mexem com a capacidade de
qualquer jovem (puberdade por excelência) reagir contra conselhos dos mais
velhos é rotina.
Meu pai tinha livros que, acredito, escondia. Aos poucos
entrei na biblioteca dele, com destaque numa obra que ele me disse para só ler
quando fosse adulto, ou seja, apesar da imensa dificuldade de entender palavras
especiais li o livro (Os grandes sonhos da Humanidade - Condutores de
Povos, Sonhadores e Rebeldes, 1937) . Em aula de religião
no Colégio Santo Antônio dedicada a estudos da Bíblia Cristã alguém perguntou
sobre (Bertrand
Russell) ,
a reação negativa do frei Odorico Durieux convenceu-me a procurar esse autor e
apaixonar-me por suas ideias, ao descobrir a genialidade e honestidade
intelectual desse filósofo inglês.
Na década de sessenta, principalmente a partir da censura após
64 contra os “esquerdistas” e materialistas, existiu um bom motivo para estudar
as obras de seus líderes. No determinismo dos ditadores veio a inspiração para
uma dedicação especial a autores dedicados a teses revolucionárias.
Em Psicologia e
Psiquiatria, mais ainda por influência de uma amigo muito próximo, o João Bosco
de Almeida Lacerda, pudemos ler e conversar muito.
A amizade veio após um início interessante. sem motivação
muito forte, mas de acordo com minhas simpatias, fiz um curso de extensão
universitária em Psicologia em Itajubá. Em polêmica sobre os engraxates da
cidade que a sociedade daquela cidade acreditava fazer bem dando-lhes uniforme
e caixinhas de engraxate ingressei no mundo dos contestadores, daqueles que
duvidam das evidências e certezas.
Assim, dentro de um processo de ação e reação formei meu
caráter.
Vivemos tempos inseguros, complexos. Assim nada como procurar
entender a mente daqueles que são qualificados como criminosos. O último livro
foi sensacional (Carcereiros) , com certeza teve
boa motivação após (Foucault,
Vigiar e Punir)
e (Foucault, História da Loucura, 1972) assim como, bem
antes, (Memórias, Sonhos e Reflexões) . Entre esses
extremos, ou melhor, obras conhecidas com intervalo de décadas, ganhamos
padrões de sensibilidade reforçados em atividades políticas e sociais ao longo
de décadas de militância.
E a materialidade do comportamento e caráter?
A experiência pessoal com pessoas que envelhecem, nós mesmos,
mostra como dependemos de muita química e estrutura internas quando decidimos e
agimos dentro de um padrão ou de outro.
Na Medicina encontramos exemplos radicais de mudança de
personalidade a partir de intervenções cirúrgicas [ (Psicocirurgia) , (Lobotomia) , ] e utilização de
medicamentos.
A utilização de drogas é caso mais comum atualmente.
Precisamos, contudo, entender alguma coisa desse imenso
universo que existe dentro de nós (FISICAPSICOLOGIAMATÉRIA
E PSIQUE: ESTRUTURAS E CONEXÕES) .
Afinal, quem somos nós?
Conclusões
1 - Temos uma estrutura de pensamento e ações semelhante a de
computadores e máquinas convencionais.
2 - O corpo humano é sensível, como acontece com qualquer
máquina, a acidentes e rotinas de utilização.
3 - A visão clássica desconhecia a complexidade do corpo
humano.
Recomendações
1 – o ambiente e a saúde devem ser considerados com seriedade
na formação e educação de qualquer ser humano.
2 – a complexidade do ser humano explica a infinidade de
formas.
As origens e fatores de criação
do mundo moderno
As perturbações institucionais a partir da criação de novos
conceitos de formação de estados e governos com a geração de propostas
ideológicas laicas e radicalmente diferentes das utilizadas pelos estados
monárquicos e feudais foram equivalentes a muitas chuvas de meteoritos, grandes
terremotos, maremotos etc. sobre a cabeça dos seres humanos a partir do século
18 de nossa era.; com certeza foi o resultado do crescimento do número de
pessoas em condições de ler, estudar mover-se pelos diversos cantos do planeta
e assim, em redes sociais primitivas, escaparem do controle dos poderosos de
plantão.
A Humanidade mudou, começou a se transformar aceleradamente,
inovando, retomando valores antigos e esquecidos, duvidando e procurando novas
soluções terrenas para seus problemas, um comportamento que na civilização
ocidental estagnara com a preocupação radical de conquistar algum paraíso após
a morte e no terrorismo criado por exércitos de fanáticos e submissão de nações
inteiras a lideranças conservadoras.
A estruturação monárquica, feudal e clerical dos países
europeus mais desenvolvidos era um obstáculo severo ao progresso intelectual. A
prioridade determinada pelas crenças e seitas era a construção de templos,
monastérios, ambientes públicos, discretos e secretos de discussões semânticas
e filosóficas. Isso significou um atraso fatal diante de invasões de outros
povos assim como o desprezo pela construção de cidades e nações saudáveis.
Critérios da Idade Média fizeram lindíssimas catedrais e cidades
cheias de templos, mas significaram a exposição de seus habitantes a pragas,
endemias, epidemias e à violência de outros povos que lutavam por espaços
vitais aqui na Terra.
As mudanças de comportamento e cenários diferentes merecem
estudos minuciosos, agora com muitos recursos de análise. Um fator decisivo na
História do ser humano foi, é e sempre será o padrão de clima e topografia
existe, base de mudanças permanentes. Vale, por exemplo, pensar no que era a
superfície terrestre há dez mil anos. Existindo h três milhões de anos, a
espécie humana deve ter superado mudanças colossais. A diferença em relação aos
tempos atuais é a fragilidade física e comportamental, a interdependência que
cruza oceanos e a criação de centros extremamente concentrados de pessoas.
O que podemos imaginar para tudo isso se a Terra der um
rearranjo qualquer?
A divisão rígida da sociedade humana em classes permanentes,
modificando continuamente à força bruta fronteiras de domínio de dinastias (o
povo “pertencia”, era parte das propriedades dos poderosos) era a regra entre
seres humanos que nunca contestavam quem pudesse dominar tropas e sacerdotes.
Isso é uma condição de sobrevivência de uma espécie de vida eventualmente
racional e que tinha instintos de organização semelhantes às alcateias e
famílias de feras que vagavam pelos campos, florestas e savanas.
A natureza humana é isso e tem sido objeto de estudos mais e
mais detalhados de especialistas. As teorias de Charles Darwin, Sigmund Freud e
outros e a constatação de que mudanças rápidas podem acontecer por acidentes,
guerras doenças, mas os principais fatores de mudança política entre seres
humanos já intelectualmente capazes foram as revoluções dos meios de
comunicação e as guerras, destruindo, substituindo e dando motivações para o
desenvolvimento técnico acelerado e mudanças institucionais.
O crescimento da população em condições de ler e escrever
foi, com certeza, o principal fator revolucionário, assim como períodos de
penúria e desespero.
A vida lastreada em instintos primários e pregadores
oportunistas até a invenção de Gutemberg e as pregações e Martinho Lutero deu
lugar ao sonho da Democracia, à Liberdade, Fraternidade, Igualdade, Justiça e
valores tão nobres que se colocaram sob a denominação de Direitos Humanos e similares.
Pode-se dizer que eram sentimentos oportunistas, mas, inequivocamente e
infinitamente mais nobres que os precedentes.
A Revolução Industrial quando aconteceu tinha a base
intelectual necessária e suficiente para a criação de novos valores.
A visão metafísica que se desenvolveu entre dois e três
milênios passados prometendo benefícios após a morte deu lugar à vontade de
viver antes do cemitério, algo que só as elites mais instruídas e espertas
mantinham. O povo acordou!
A soberania do cidadão comum era desprezada tacitamente. A
ignorância quase absoluta da população em geral e a concentração hereditária de
riquezas e tropas especiais e sob comando de quem lhes pagava e convencia
submetiam os povos (isso ainda existe, mas enfrentando coisas “assustadoras”,
tais como os sistemas de comunicação alternativos) a vidas ao gosto e violência
dos senhores da terra, das armas e almas.
As revoluções de fato começaram muito antes. Profetas e
filósofos da era clássica da História da Humanidade (com “H” maiúsculo) formaram
a base das mudanças mais recentes. As dificuldades de registro e transmissão de
ideias eram barreiras colossais, algo que só começou a implodir (é bom repetir)
com Gutemberg e na sociedade cristã com Martinho Lutero. A Reforma propondo o
estudo pessoal da Bíblia estimulou a alfabetização, assustando o clero
tradicional e mudando radicalmente o potencial de transformação.
Matar fisicamente qualquer ser vivo não é difícil.
Pensamentos, culturas, convicções são decisões íntimas e facilmente desenvolvidas
sem percepção dos poderosos; quando têm informação suficiente tornam-se,
eventualmente, forças avassaladoras. Ou seja, não se destrói ideias com a
violência física. Isso entre nós, humanos, foi essencial à nossa evolução.
Passo a passo a Humanidade criou, padeceu, sofreu muito para crescer.
O desafio no século 21 é mais sofisticado, pois já chegamos a
níveis elevados, com fortes oscilações...
Chegamos a padrões de existência insustentáveis e à percepção
da nossa fragilidade diante da Natureza, para onde vamos?
Temos aí o desafio de novas visões éticas e morais, quais?
As crianças, os jovens e os adultos
A família é a principal base de formação de caráter e
vocações de qualquer pessoa. Quando pensamos em Ética devemos de imediato e
prioritariamente pensar nos efeitos de nossos padrões de comportamento na
cabeça de nossos filhos, que serão radicalmente afetados pelos seus pais.
Um absurdo comum e trágico é a inconsciência de mães e pais
em torno de suas responsabilidades.
A alienação é visível de diversas formas, os resultados vão
aparecendo ao longo da vida. É fácil perceber e até avaliar os filhos em pelos
efeitos na ordem cronológica de nascimento. Tudo exige um processo de
paternidade responsável.
As crianças existem a partir da vontade dos seus pais e não o
contrário. A geração de filhos significa o comprometimento integral em relação
à vida de pessoas que serão o que seus pais quiserem.
Os desafios de sobrevivência crescem, será que todos estão
conscientes de suas responsabilidades?
O processo educacional é atento às muitas fases da vida, mas
pode educar mal pessoas que esquecem, a partir de uma formação equivocada, o
que é ser adulto, ter responsabilidades e disposição para trabalhar, cuidar dos
filhos, viver em sociedade.
Teorias e consultores normalmente procuram focar padrões nem
sempre realistas. Com certeza a humanidade ainda precisa avançar muito no
conhecimento da mentes humana e nos processos educacionais.
O terceiro milênio da era cristão poderá e deverá trazer
desafios imensos.
A Humanidade estará preparada para enfrentá-los? Educamos
nossos descendentes para resistir e sobreviver?
Ética e moral – afinal, o que é
isso?
Gosto de ler e por mais que o faça sinto que ética e moral
são conceitos que se confundem, mas de extrema importância. A ética e a Moral
criaram mandamentos, preceitos até alimentares, modas e, entre outras coisas,
guerras.
Conceituar a base de religiões e profissões, fanatismos e até
a origem das torcidas organizadas é algo delicado, perigoso. As seitas, religiões, crenças e valores
evoluem, sempre, contudo, com atrasos assustadores.
É fantástico descobrir as dúvidas entre pessoas que se
destacam na sociedade humana, as incertezas, que não envergonham grandes
lideranças como vimos tais como o atual Papa da Igreja Católica, podem mudar o
mundo, pacificá-lo, torná-lo mais sensível à felicidade, sem os traumas e taras
de quem se vê obrigado a esconder suas paixões e convicções. Que maravilha
saber que uma instituição tão conservadora quanto a Igreja Católica Apostólica
Romana volta e pensar e aceitar alternativas de pensamento. A Santa inquisição
ainda pesa na consciência mundial, inclusive na hostilidade entre muçulmanos e
cristãos. O prejuízo é irreparável. Que nunca voltemos a esse padrão de
comportamento, ainda existente em muitos países fora do espaço mais culto e
livre. O avanço da Racionalidade e da Defesa dos Direitos Humanos não pode
parar, não deve acontecer à força de exércitos e ditadores, mas como simples
evolução da inteligência humana.
Temos contudo, óbices em nossa sociedade consumista.
A honestidade intelectual é crime em sociedades pragmáticas.
De modo geral o jovem é “convencido” a adotar um figurino. A renúncia a pensar
e optar traz inúmeras compensações por bom comportamento, o trágico disso tudo
é que agora a Humanidade pode realmente sonhar com um mundo melhor, para isso
será preciso rever tudo, desde conceitos urbanísticos, profissões, hábitos de consumo
a opções filosóficas.
Graças à internet e similares não dependemos mais de livros
de papel e escolas para estudar. O desafio é o disciplinamento do tempo e de da
própria vida pessoal.
As novas gerações viverão muito, se nada acontecer em
contrário (catástrofes, epidemias violentas, guerras e coisas assim). Existem
num cenário inédito: a perspectiva de viver mais, muito mais que seus
ancestrais. Em que mundo desejam existir? Têm consciência disso?
Falamos de ética, carecemos de padrões éticos modernos,
ajustados ao que precisamos e o conhecimento humano ilustra. Tudo o que se fez
no passado está superado. Com certeza essa é uma afirmação pretenciosa,
radical, mas que outra maneira de avaliar estratégias, metas, táticas e ideais
que não seja pelos resultados obtidos?
A capacidade de alienação é um perigo para o ser humano, pois
ele pode e deve explorar ao máximo o conhecimento que adquires e cresce
exponencialmente. Isso é fundamental á sua sobrevivência enquanto indivíduo e
parte de uma sociedade maior, seja qual for. Simplificar é virtude e discussões
semânticas são possíveis e intermináveis. Para fins práticos vale neste livro o
que vimos no em (Significado
de Ética e Moral) ,
ou seja, de forma simples e direta:
No contexto
filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está
associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o
comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras,
tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
O
fundamental é partir para o desafio de educar sem imposições, acima de tudo com
liberdade e tolerância, entendendo que a adoção de um padrão ético a partir de
alguma moral possível é o desafio do século 21 nesse espaço inicial de
liberdades mal usadas.
Sempre
recorrendo a críticas que se avolumam em ambientes técnicos e de voluntariado
onde adquirimos uma visão suplementar importantíssima dos efeitos de modismos e
processos de alienação queremos quase desesperadamente reunir e organizar conclusões
e sugestões sobre o que é realmente essencial à vida humana: a educação.
[1] Ideologia é um termo que possui diferentes
significados e duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum
o termo ideologia é sinônimo ao
termo ideário, contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de
pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um
grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas.
Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser
considerada um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma
prescritiva, alienando a
consciência humana.
Para alguns, como Karl
Marx, a ideologia age mascarando a realidade. Os pensadores adeptos
da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt consideram a ideologia como uma ideia, discurso
ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas
demais qualidades. Já o sociólogo contemporâneo John B. Thompson também oferece
uma formulação crítica ao termo ideologia, derivada daquela oferecida por Marx,
mas que lhe retira o caráter de ilusão (da realidade) ou de falsa consciência,
e concentra-se no aspecto das relações de dominação.
A ideologia também foi
analisada pela corrente filosófica do pós-estruturalismo, a qual é apontada por muitos autores como a superação
do marxismo.
[2] O cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates,
chamado Antístenes, e cujo maior nome foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que
pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. O termo passou
à posteridade como caraterização pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio
(que em nada se assemelha a origem filosófica da palavra).
Esta atitude era parte
de uma procura da independência pessoal. Alguns foram longe demais, rejeitando
mesmo as decências básicas. Para poderem manter a compostura face à
adversidade, reduziam as suas necessidades ao mínimo para garantir a sua
autossuficiência. Mais do que uma teoria, era um modo de vida. Para
os Cínicos, a vida virtuosa consiste na independência, obtida através do
domínio de desejos e necessidades, para encorajar as pessoas a renunciarem aos
desejos criados pela civilização e pelas convenções. Os cínicos empreenderam
uma cruzada de escárnio anti-social, na esperança de mostrar, pelo seu próprio
exemplo, as frivolidades da vida social. Wikipédia
[3] O termo sectarismo (usado geralmente
com conotação negativa e pejorativa) vem do latim sectariu, que em
sentido estrito se aplica ao seguidor de uma seita, mas pode também denotar
zelo ou apego exagerado a um ponto de vista; visão estreita, intolerante ou intransigente. Muitas seitas, religiões e
grupos ideológicos são obstinados e inflexíveis na defesa de suas
doutrinas. O termo vale também para o indivíduo fechado ao diálogo. Wikipédia
[5] A Crise do Encilhamento foi uma bolha econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República, estourando durante o governo provisório de Deodoro da Fonseca (1889-1891), tendo
em decorrência se transformado numa crise financeira. Os
então Ministros da Fazenda Visconde de Ouro
Preto e Ruy Barbosa, sob
a justificativa de estimular a industrialização no País, adotaram uma política
baseada em créditos livres aos investimentos industriais garantidos por farta
emissão monetária.
Pelo modo como o
processo foi legalmente estruturado e gerenciado, junto com a expansão dos
capitais financeiro e industrial vieram desenfreada especulação
financeira em todos os mercados e
forte alta inflacionária, causadas pela desconfiança oriunda de determinadas
práticas no mercado financeiro, como excesso de lançamento de
ações sem lastro, e
posteriores OPAs visando o fechamento de capital. Wikipédia
[6] Baruch de Espinoza1 (também Benedito
Espinoza; em hebraico: ברוך שפינוזה, transl. Baruch Spinoza) (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro
da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos,
no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.
Wikipédia
[7] O dinheiro é o meio usado na troca
de bens, na forma de moedas ou notas (cédulas),
usado na compra de bens, serviços,
força de trabalho,
divisas estrangeiras ou nas demais transações financeiras,
emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que tem essa
atribuição. É também a unidade contábil. Seu
uso pode ser implícito ou explícito, livre ou por coerção. Acredita-se que a
origem da palavra remete à moeda portuguesa de mesmo nome (o dinheiro). A emergência do dinheiro não depende de uma
autoridade central ou governo. É um fenômeno do mercado; na prática,
entretanto, os tipos de moeda mais aceites atualmente são aquelas produzidas e
sancionadas pelos governos. A maior parte dos países possuem um padrão
monetário específico — um dinheiro reconhecido oficialmente, possuindo
monopólio sobre sua emissão. Algumas exceções são o euro (usado por diversos
países europeus) e
o dólar (utilizado
em todo mundo). O dinheiro em si é um bem escasso.
Muitos itens podem ser usados como dinheiro, desde metais e conchas raras até cigarros ou
coisas totalmente artificiais comonotas bancárias. Em épocas
de escassez de meio circulante, a sociedade procura formas de contornar o
problema (dinheiro de
emergência), o importante é não perder
o poder de troca e compra. Podem substituir o dinheiro governamental: cupons,
passes, recibos, cheques, vales, notas comerciais entre outros. Na sociedade
ocidental moderna o dinheiro é essencialmente um símbolo –
uma abstração. Atualmente as notas são o tipo mais comum de dinheiro utilizado.
No entanto bens como ouro e prata mantêm muitas das características essenciais do
dinheiro. Wikipédia
[8] Escambo(PB), permuta (PE, PB), troca
direta ou, simplesmente, troca é a transacção ou
contrato em que cada uma das partes entrega um bem ou presta um serviço para
receber da outra parte um bem ou serviço em retorno em forma de Crédito, sem
que um dos bens seja moeda. Isto é, sem envolver dinheiro ou
qualquer aplicação monetária aceita ou em circulação. Por exemplo, um
agricultor com um marceneiro pratica escambo trocando dois cestos de frutas por
uma cadeira, ou pela instalação de uma cerca em seu terreno. Wikipédia
[9]
A moeda evoluiu a partir de duas inovações
básicas, que ocorreram por volta de 2.000 a.C. Originalmente, o dinheiro era
uma forma de recebimento, representando grãos estocados em celeiros de templos
na Suméria2 ,
na Mesopotâmia, então Antigo Egito.
Esse primeiro estágio da moeda, no qual os metais eram usados para
representar reserva de valor e símbolos para representar mercadorias, formou a
base do comércio no Crescente Fértil por mais de 1500 anos. No entanto, o colapso do
sistema comercial do Oriente Próximo apontou uma falha: em uma era na qual não
havia nenhum lugar que era seguro para estocar valor, o valor de um meio
circulante poderia ser apenas tão bom quanto as forças que defendiam aquela
reserva. O comércio poderia alcançar no máximo a credibilidade do uso da força
militar. No final da Idade do Bronze,
no entanto, uma série de tratados internacionais estabeleceram uma passagem
segura para os mercantes ao redor do Mediterrâneo oriental, se espalhando a
partir da Creta minoica e Micenas no
noroeste de Elam e
sudeste de Bahrein. Apesar de não se saber o que funcionava como uma
moeda para facilitar essas trocas, sabe-se que couro de boi em forma de
lingotes de cobre, produzidos no Chipre, podem ter funcionado
como uma moeda. É sabido que o aumento da pirataria e invasões associadas
ao colapso da Idade do Bronze,
possivelmente produzidas pelos Povos do Mar,
trouxeram esse sistema comercial ao fim. Foi apenas com a recuperação do comércio
fenício no séculos IX e X a.C. que houve um retorno à prosperidade, e o
surgimento da cunhagem real, possivelmente primeiro na Anatólia,
por Creso, rei da Lídia,
e subsequentemente pelos gregos e persas. Na África, muitas formas de reserva
de valor foram usadas, incluindo grânulos, lingotes, marfim, várias formas de armas,
gado, a moeda manilla, ocre e outros óxidos da terra, entre outras. Os anéis
de manilla da África Ocidental foram uma das moedas usadas a partir do século XI
em diante ara comprar e vender escravos.
A moeda
africana ainda é notável por sua
variedade, sendo que em muitos lugares diferentes formas de escambo ainda
existem. Wikipédia
[10] Em economia, capital, bens
de capital, ou capital real referem-se a bens duráveis já
produzidos e usados na produção de mercadorias ou serviços. Os
bens de capital não são significativamente consumidos, embora possam depreciar durante
o processo
de produção. Capital é
diferente de terra na medida em que o capital deve
ser produzido pelo trabalho humano antes que ele possa ser um fator de
produção. A qualquer momento no tempo, o capital físico total pode ser chamado
de estoque de capital, um uso diferente do mesmo
termo aplicado a uma entidade
empresarial. Em um sentido fundamental, o capital consiste de qualquer coisa
produzida que pode aumentar o poder de uma pessoa para executar um trabalho
economicamente útil - uma pedra ou uma flecha é capital para um homem das cavernas que pode usá-los como um instrumento de caça,
enquanto as estradas são capital para os habitantes de uma cidade. Capital é
uma variável na função
de produção. Casas e automóveis
pessoais não são capitais mas são bens duráveis, pois eles não são usados em um
esforço de produção. Wikipédia
[11] Três moedas circulam em Cuba: o dólar, o peso
conversível (cotado cerca a de 1,20 pesos por dólar) - e que é
utilizado em lojas especiais para turistas, que vendem em dólar, à taxa de
um peso conversível por dólar - e o peso tradicional (26
pesos por dólar) utilizado para o pagamento dos salários e para a compra de
mercadorias no mercado interno, tais como aluguéis, luz, telefone, roupas e
alimentos. Desde 25 de outubro de 2004 foram proibidas na ilha as transações em
dólar, que só podem ser legalmente feitas utilizando-se pesos
conversíveis. Wikipédia
[12] Em Cuba circulam duas moedas, o CUC
(peso cubano convertível) e o CUP (peso cubano tradicional). O peso cubano é
mais usado internamente pelos cidadãos comuns do país. O peso cubano
convertível é mais usado pelos turistas que o utilizam com o certo limite de
conversão. O CUP é usado também no câmbio comum e utilizado em transações
comerciais de exportação e importação. O CUC, também conhecido como
chavito, é administrado diretamente pelo governo, foi criado para superar a
desvalorização do peso cubano perante as moedas estrangeiras após a dissolução
do bloco socialista em 1990. InfoEscola
[13] O ceticismo filosófico se
manifestou na Grécia clássica, aparentemente
um de seus primeiros proponentes foi Pirro de Elis (360-275 a.C.) que
estudou na Índia e defendia a adoção de
um "ceticismo prático". Carneades discutiu o tema de
maneira mais minuciosa e contrariando os estoicos, dizia que a certeza no
conhecimento, seria impossível. Sexto Empírico (200 a.C.) é tido como a
autoridade maior do ceticismo grego.9 Mesmo atualmente o
ceticismo filosófico costuma ser confundido com o ceticismo vulgar e com aquilo
que a tradição cética denominou de "dogmatismo negativo". Nada mais
está tão em desacordo com o espírito do ceticismo do que a reivindicação de
quaisquer certezas, seja as positivas ou as negativas. 10 11
Na Filosofia islâmica, o ceticismo foi estabelecido por Al-Ghazali (1058–1111), conhecido
no Ocidente como "Algazel", era parte da Ash'ari, a
escola de teologia islâmica, cujo método de ceticismo compartilha muitas
semelhanças com o método de René Descartes. Wikipédia